Andando pelas ruas do bairro...
Fico imaginando como seria este lugar antes de ser tomado pelo asfalto e pela poluição.
Percorrendo por caminhos ainda com o verde da paisagem -
Tenho a nítida impressão que sempre fui deste lugar,
Que estou ligada a ele de alguma maneira.
Sabe...
Quando você caminha e tem a ligeira intuição de que tu és outra pessoa?
O teu corpo é aquele em que tu estás acostumado a olhar através do espelho. Mas o que tens por dentro é mais do que tudo o que está a sua volta.
Sim!
Isto ocorre comigo!
A sensação de ser outra pessoa -
De ter vivido tempos áureos.
De ostentar um brio dentro de si.
Posso ser desajeitada.
Porém, aqui guardo uma galhardia.
Uma vontade -
Um desejo -
Uma sede por justiça.
Vai ver que já tive outras vidas neste mesmo lugar,
Onde a paisagem que imperava era o verde e não a fumaça acinzentada dos automóveis.
Onde os costumes eram outros e não as armas de fogo reinavam,
O trafico de entorpecentes não existia e sim o de escravos.
Será que fui uma abolicionista?
Será que corria o risco para me aventurar com os negros?
E com eles misturava a minha pele branca com seus corpos suados por mais um dia de lavoura?
São tantas as perguntas e um enorme anseio por respostas.
Vais ver também que fui uma escrava... De pele negra ou será de pele clara?
Esta é a sensação que me dá quando o meu espírito está mais calmo.
Quando o meu corpo está mais liberto das interferências exteriores.
Só Deus sabe de tudo -
Só Ele sabe se algum dia compreenderei o fato de sempre estar aqui.
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