É sempre a mesma história,
Pintando outro quadro de horror –
Personagens realistas.
Quais serão as próximas vítimas?
A derramar jatos de tintas,
Emoções e reações distintas.
No flagelo do corpo, desumano,
Não teceram outros planos.
Nos desejos envoltos na heresia –
Emudecendo a translúcida poesia.
Só não enxerga quem não quer,
A ponta do iceberg, exceto prazer.
Tragédias repetindo-se à centenas,
Entrando para as estatísticas, milhares.
O sistema e seus pares,
Fomentando o genocídio preto.
Colocando lenha na fogueira, exclusão,
Antes o papo furado.
Agora não escondem os pecados,
Patrocinando a dilaceração.
Aos semelhantes, nenhum pingo de pena,
Jogados para o escanteio.
Sem ponto de referência,
O que resta é pedir clemência.
O mesmo Estado omissor, digno do caos,
É o que te cobra, o karma de todo o mal.
No meio da favela, ou no asfalto,
A quantas andam a saúde e educação?
Insegurança batendo no nariz,
Nenhuma bússola, qualquer força motriz.
O ódio que nos move, após o medo,
Também bate o desespero.
No ato falho, ausência de esmero,
Perdendo-se no desequilíbrio da essência, descuido.
Na mira do fuzil, mais um preto, favelado,
O seu potencial mal avaliado.
No rito de passagem, intolerância,
A dura luta clamando por justiça.
Quantos irmãos ficaram pelo caminho?
É uma conta que não fecha, perdição.
O estatuto ao invés de salvar, ceifando vidas,
Correndo de um lado para o outro, perdidos.
Ninguém sabe como e qual será a hora marcada,
No rosto, exímio fio de esperança.
Chega de mansinho, surpresa,
Deixando-nos à todos chocados.
Nenhuma reação, atordoados,
Não tem para onde correr, para quê fugir?
O inimigo se apresenta, onde menos se espera,
A paz infinita triste espera.
Na solitude o que resta por aqui...
Nos grotescos traços de pavor.
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