Inevitável não sentir essa densidade,
Chega de mansinho...
E vai se apropriando de nosso ser,
Como um arrepio percorrendo cada recôndito do corpo.
Entorpecendo –
Paralisando, cortando o ar.
A mercê de estampidos,
Por um momento, coagidos,
Mas não vamos recuar, surpreendidos?
Só conhece essa realidade,
Luta para sobreviver nessa fatalidade,
Quem sente na pele a comunidade.
Crianças e jovens –
Desencaminhados futuros promissores,
Ultrapassando limites.
Tachados como infratores,
Mergulhados na vida da ilusão.
Cometendo crimes pela ostentação,
Para o imoral não há trégua.
Entre o Governo e o poder paralelo,
Diferente régua.
A juventude perdida,
Sob a influência da involução.
Quanto menos pensar,
Zero potencial de raciocínio.
Quanto mais se tem,
Mais se quer,
Somando desperdício.
No desejo de impor a supremacia branca,
Por detrás de fake news,
Colocando banca.
Pessoas julgadas por classe e cor,
Vale o que tem,
E nada se mantém,
Em total desamor.
Assaltados a qualquer hora,
Pela mão armada sem clemência.
Da saúde e de educação privados,
Cidadãos de bem.
Rastejando por migalhas,
Condenados por falhas.
Destinados à nós,
Qual é o espaço?
A gentrificação,
Pegando-nos pelo laço.
Como se pudessem excluir a negritude,
Ao pobre favelado,
Distribuindo o que há de costume.
Quanto mais apanhamos, resilientes,
Unindo-nos somos fortes.
Levantando os punhos,
Fortalecendo passos pelos caminhos,
Tão destemidos,
Quanto aos algozes.
Gradativamente mais velozes,
Pouco à pouco impondo o ritmo.
As cores de um novo dia,
Presenteando com o realismo.
Aqui não existe somente o medo,
Também há luta.
Pagando alto preço em pecados,
Tão árduos,
Quanto a derme em brasa.
Até quando suportaremos a opressão?
De sermos tratados como descartáveis,
Sem nenhuma proteção.
Um Estado omisso,
Para os seus sem compromisso.
Planejando jogos de interesses,
Em dias, anos e meses.
Apresentando o teatro sujo da manipulação,
Enquanto, permanece a esperança.
De fato existir, pela mudança,
Desvanecendo a dor e agonia.
Rejuvenescermos pela harmonia,
Convivendo em comunhão.
Compartilhando o mundo,
Com condições igualitárias.
Onde se encaixem as peças,
De um velho quebra cabeça –
Totalmente enferrujado,
Há tanto tempo perdido.
Talvez seja um sonho distante,
E não veja acontecer, lancinante.
Que não tarda jamais,
A prioridade pela paz.
Em algum momento,
Desejo escrever outra história.
De um lugar plenamente diferente,
Sem que me falhe a memória.
Porque pareço viver,
Nesta realidade paralela,
Em que nada condiz com a verdadeira.
Entrelaçada com o caos,
Infinita insanidade,
Para que se transmuta em felicidade.
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