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domingo, 1 de junho de 2025

Banho de sangue


Arrefece a sensação de completude, 

A de pertencer em algum lugar.

Em noites mal dormidas, impotência, 

Muitas das vezes, apneia,  falta de ar.

O mercado da violência, 

Ministrado à céu aberto, 

À qualquer hora em plena luz do dia.

Sem dó e nem piedade,

Demonstrando a sua potência:

Máquina de moer gente.

Não importa a idade,

Nem tão pouco a identidade. 

Em comum, a cor da pele negra,

Ligado diretamente ou não. 


Alta madrugada, 

Sem alarde,

Na falida comunidade  -

Pegando a todos de surpresa.

Os cachorros latindo pela vizinhança,

Avisando que não está nada normal,

Ceifando a esperança.

Ressoando sobressalto,

De repente, o som metálico do fuzil.

Tão estridente e ardil,

Quanto ao penetrar a carne.

Derramando o elixir da vida,

Manchando as calçadas, as ruas,

Em tom vermelho –

Infeliz verdade crua.

A enxurrada dolorosa, turbulência,

Levando vidas jovens. 

O que cometemos, onde estão os erros?

De anos desperdiçados,

Na involução, despreparados.

Talvez a falta de oportunidades.

Onde se perdeu a felicidade?

Engolida por inversa realidade. 


Mergulhados em iminências frágeis, 

Aos que estão entorpecidos,

Não enxergam o que está a desfavor –

Usados como produtos descartáveis.

Aos que estão de fora,

Observando por outro prisma, 

Veem gradativa degradação. 

Definhando-se corpos,

Abarrotando os cofres, 

A ilusão transbordando copos.

Derramando futuros promissores,

Na linha de frente, 

De si mesmos – Desertores -

Entristecida tenra densidade, 

A fila que se faz para a substituição. 

O RH da firma completa produção,

A mais vil constatação. 


O Estado como vínculo de omissão,

Promovendo a polarização.

Qual é a sua contribuição?

Na outra ponta a lei, a moral,

Usando de um teatro macabro, 

Maquiagens se escondendo na tela.

Eles querem enganar a quem?

Usando do velho marketing nefasto,

Delegando o sacrifício da vez,

Métodos para se promoverem, palanque político.

Insuflando a massa falida,

Fakes news contribuindo para a idiotização.

Ao ser humano os não escolhidos, 

Devotando deveres e a degradação, 

O flagelo desumano. 

Incutindo nas mentes a ostentação, 

Com uma das mãos oferecendo migalhas,

Com a outra apontando as suas falhas. 

A falta de segurança,

Atravessando o seu caminho,

Ou simplesmente, Invadindo as nossas casas.

Na finita existência, 

Promovendo arruaças.

Aos menos favorecidos a gentrificação, 

De presente a coação. 

A derme negra como alvo,

A favela o eterno cativeiro,  a senzala.

Algum anseio de transmutar o cotidiano?

Tratados como mulas, 

Pagando exorbitantes impostos. 

Cinzenta aquarela,

Descortinando-se pelas janelas. 


Qual é o prazer de lutar por algo tão efêmero?

Que de um momento para o outro pode desvanecer, 

Cogitados como números,

Triste estatística.

O próprio Governo promovendo a desunião, 

O oculto infiltrado, a discórdia, 

Alimentando as sombras. 

Pessoas acorrentadas pelos vícios, 

Beneficiando toda uma falange do mal,

Não percebem o poder do sobrenatural. 

No martírio de suas almas,

Insaciedade da calma.

Desperdiçando horas,

Envolvidos em loucuras.

Desperdiçando o aprendizado, 

Cometendo crimes e pecados. 

Restando apenas o flagelo da existência,

Ceifando vidas sem clemência. 



A humanidade dividindo-se em gangues,

Promovendo a barbárie, 

Banho de sangue,

A desordem dos  intoleráveis.

Enquanto,  os de colarinho branco,

Tornam-se cada vez mais intocáveis. 

Sobrando para o pobre favelado,

A viver com a estômago embrulhado,

Sobrevivendo com os restos.

Quantos mais se perderão no meio do caminho,

Engolindo a própria saliva,

Ou sendo forjado?

Na incerteza, sem a garantia de nada,

De pés descalços,  pela longa estrada. 


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