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quinta-feira, 18 de agosto de 2022

Racismo cravado na carne


Qual é a palavra de ordem?
Qual é o teu lema?
No meio do cotidiano dilema,
Sobreviver com dignidade.
Mera formalidade –
Da existência.
Na dura batalha da vida –
A resistência.
Em busca da conquista,
Em prol da utópica felicidade -
Arrefecendo a realidade,
Estampado no problema.

O discurso de uma sociedade organizada,
Forjada por tal alienação.
Separando –
Tachando –
Impondo o rótulo da exclusão.
Dividindo –
Colocando tudo em uma caixinha,
Etiquetas promocionais –
Com escândalos adicionais.

O grau da melanina,
Quanto maior –
É menor a valorização.
Desde a época de Cabral,
A realização do embate.
Aos mais fracos –
O abate.
Um passado nefasto,
Na vil estruturação.

Olhar de desconfiança,
Abordagem pelo simples fato de existir.
Ato configurado,
Sem direito à fiança –
Pela lei trancafiado.
Crescente revolta,
Ao falso Messias o povo idólatra.
Há quem cresça –
Na expansão da consciência –
A ascensão.
País mercenário,
Levando ao povo mais sofrido –
A guilhotina da gentrificação.
Almejando a raça limpa,
Reverso conceito ariano.
Fomentando sórdidos planos,
A inteligência rebaixada.

A cor da pele –
O primeiro requisito para o abatimento.
O governo sem discernimento,
Não quer saber quem é.
Abre fogo –
Atira para matar.
Sem chance de escapatória,
Triste constatação.
Outra mais –
Mais uma vez –
Outro corpo inocente,
Tombado ao chão.
Grande potencial aniquilado,
Qual foi o seu delito?
Qual foi o seu pecado?

A descendência da melanina,
Carga genética –
Que na alma descortina –
Na aura ressoa a vibração.
O racismo pelas entranhas,
De uma parte da população –
Que julga pelas aparências.
Nunca foi velado,
A carne negra nunca define o mal caráter.
O possível ato racial a pregação,
Tratado como um discurso trivial.
Para muitos impregnando a dor,
Em meio ao necessário labor.
Mas de fato será constatado –
Na Constituição?

Pretos –
Favelados –
Herdeiros de infinitos conflitos,
Pela luta da justiça –
Sempre em atritos.
Vítimas da relativização -
Mesmo com a pele clara,
No âmago a dor do irmão.

A base da humanidade,
Construída no alicerce da diferenciação.
A maioria com o pouco,
Ou com o quase nada –
Até mesmo o nada.
A minoria abastecida,
No potencial do preconceito social.
Achando-se autossuficiente,
Em insanas futilidades.
Mexendo nas leis –
Levando ao retrocesso.
Diminuindo os direitos –
Multiplicando os deveres,
Na alta tacha de impostos.
Nenhuma proposta de evolução,
Digna identidade  –
Com fé –
Ao poder do capitalismo –
Batendo de frente com a razão.

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